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Manual cinematográfico para transar em viagens


Antes do Amanhecer (1995)
A CENA
O americano Jesse (Ethan Hawke) e a francesa Celine (Julie Delpy) acabaram de se conhecer no trem e tomam
um café no carro-restaurante. Rola uma química. Ele vai descer em Viena e propõe a ela que desça junto. “Pense assim: daqui a dez ou 20 anos você está casada. Só que seu casamento não vai ter mais a energia que tinha antes. Você começa a pôr a culpa no seu marido. Começa a pensar em todos os caras que você encontrou
na sua vida e o que poderia ter acontecido se tivesse ficado com um deles. Bom, eu sou um desses caras. Então pense nisso como uma viagem no tempo desde lá no futuro até agora para descobrir o que você teria perdido. Seria um grande favor para você e o seu futuro marido se você descobrisse que não perdeu nada.”
FUNCIONA?
Ela responde: “Vou pegar minha mala”. Celine fica em Viena e passam a madrugada juntos. Sem sexo. Ficam gamados, mas numa época sem email, torpedo ou Facebook sabem que ficarão separados pelo Atlântico,
ele em Nova York, ela em Paris.
O QUE PODERIA DAR ERRADO?
Sabem que é melhor cortar pela raiz um romance que vai morrer aos poucos. (Nove anos depois, se reencontrariam em Paris na continuação Antes do Pôr-do-Sol. Jesse casado, com filho. Celine segue só. Eles repetem o jogo de conversar por horas e continuam sem definir muita coisa.)
CONCLUSÃO
Jesse convida Celine para ficar uma noite em Viena. É o que acontece.
A LIÇÃO
Se você quiser conquistar alguém na estrada, pense adiante dela. Pense nos sentimentos que uma viagem como aquela vão provocar no momento em que ela voltar para sua vida cotidiana. Abrir o jogo nesse sentido pode criar um ambiente de sinceridade que facilite as coisas.

Encontros e Desencontros (2003)
A CENA
Bob Harris (Bill Murray), um ator meio decadente, viaja a Tóquio para fazer um comercial de uísque. No hotel, conhece Charlotte, a não menos entediada mulher de um fotógrafo de moda. Bob aguarda o momento de uma nova filmagem pensando na crise de sua vida conjugal (a esposa está obcecada em forrar os sofás). Charlotte
passa horas intermináveis no quarto à espera do marido, que sempre tem mais uma sessão no estúdio com as top models. Bob e Charlotte se encontram no bar e ele confidencia: “Você pode manter um segredo? Eu estou tentando organizar uma fuga da prisão. Estou procurando por um tipo, cúmplice. Primeiro temos que sair deste bar, depois sair do hotel, da cidade e então do país. Você está nessa ou não?”
FUNCIONA?
Charlotte está nessa. Os dois não fogem do país, mas fazem uma inesquecível noitada pelas bizarrices de Tóquio. A fuga da prisão se realiza. Charlotte dá um tempo das desculpas do marido fotógrafo, Bob se afasta dos forros de sofá. Entre os dois existe a química certa entre o homem mais velho e a menina com idade para ser sua filha. Ela quer maturidade, ele quer o frescor de uma nova relação.
O QUE PODERIA DAR ERRADO?
Conforme avança o relacionamento, Charlotte dá uma trombada com a realidade: Bob não está disposto a acabar com seu casamento e bagunçar a estabilidade de sua vida com as suas filhas. É uma bela e breve história de amor que gera um único beijo.
CONCLUSÃO
Charlotte parece viver mais numa única noite com Bob do que uma vida inteira com o fotógrafo chato.
A LIÇÃO
Se você tiver a chance de um caso durante uma viagem, esqueça seu ritmo de vida normal. Numa viagem, tudo é curto e efêmero. Mais do que nunca, viva cada minuto com a intensidade que qualquer viagem exige.

A Namorada do Meu Irmão (2007)

A CENA
O viúvo Dan Burn (Steve Carrell) viaja até a casa dos pais para um encontro familiar. Dá uma passada nas lojas da praia. Entra Marie (Juliette Binoche) e acha que Dan é um vendedor da livraria. Marie: “Eu estou procurando um livro engraçado, mas não como uma grande gargalhada, algo humanamente engraçado. Algo que me surpreenda, e que me faça pensar que estava certa de uma maneira errada, mas quando estiver errada,
que exista um certo acerto no meu erro”. Dan: “Você raramente encontra tudo isso num livro”. Aí ele dá uma pilha de livros a ela.
FUNCIONA?
A cena é uma metáfora. A confusa lista do que Marie quer no livro representa os sentimentos contraditórios do que uma mulher gostaria de encontrar num homem. A reação de Dan é metafórica também: sua pilha
de livros é a confissão de que não existe homem perfeito. Mas “coisas separadas” que tornam um homem
interessante – ou não. A verdade é que Marie fica interessada em Dan. Que é atrapalhado, mas intelectualmente mais interessante que o irmão, que ela namora.
O QUE PODERIA DAR ERRADO?
Na festa, Dan fica obcecado com Marie, dá vexame, briga com o irmão. Marca um encontro secreto com Marie num boliche e são surpreendidos pela família inteira. Vexame total.
CONCLUSÃO
Certos romances começam com brigas e confusões e terminam em casamento. Marie é emocionalmente tão confusa quanto Dan. Só quando aceitam isso é que se entendem.
A LIÇÃO
Em viagem, você tem pouco tempo para se revelar a uma mulher. Não tente mostrar uma unidade que não tem. Não tenha medo das suas contradições. Como Dan, somos vários livros ao mesmo tempo. Se ela gostar de você naquele curto tempo, vai ser pelo pacote, não por propaganda enganosa.

Casino Royale (2006)

A CENA
James Bond conhece sua assistente e funcionária pública Vesper Lynd a bordo do trem para Montenegro, onde
vai jogar no cassino. Vesper é quem cuida do dinheiro oficial que será usado no cassino. Para quebrar o gelo, Bond prepara o ataque: “A beleza é seu problema. Você se preocupa de não ser levada a sério. Compensa isso
usando roupas ligeiramente masculinas. O que, ironicamente, te faz ser menos provável de ser aceita por seus superiores  homens, que entendem suas inseguranças como arrogância”.
FUNCIONA?
Vesper também disseca a personalidade de Bond só pelo jeito de ele se vestir. E detona 007: “Você pensa nas mulheres como prazeres dispensáveis. Por mais charmoso que seja, Mr. Bond, vou continuar de olho no dinheiro de nosso governo e não na sua bunda perfeita”. (Ao que Bond responde: “Você percebeu?”)
O QUE DEU ERRADO?
A continuidade dessa história, a primeira concebida por Ian Fleming, acabou forjando o caráter sentimental
de James Bond. Ele fica caidaço por Vesper e se afasta do serviço secreto para ser bom marido. Vesper o trai
e morre. Bond terá dificuldade para confiar numa mulher de novo.
CONCLUSÃO
Bond tirou a capa emocional de Vesper no trem. E foi desnudado por ela também. No final do diálogo, não tinham muito mais a esconder um do outro. Como jogador profissional, 007 jogou todas as fichas. E ganhou.
A LIÇÃO
Bond, o traça-todas, ensina: jogue no ataque. Se ela quiser fazer jogo de esconde-esconde, que faça sozinha. Abra o jogo, troque impressões de cara. Esclareça as dúvidas. Como num jogo, pode dar tudo errado. Ou não.

Sideways – Entre Umas e Outras (2004)


A CENA
Miles (Paul Giamatti) e seu amigo Jack (Thomas Haden Church) saem por um tour pelas vinículas de Napa Valley. Jack é um ator bonitão mas meio tosco. Miles é baixinho, gordinho e careca. Mas um “enófilo
dedicado e competente. Os dois se envolvem com duas garotas. Jack fica com Stephanie (Sandra Oh), e logo se resolvem. O mais complicado, Miles, fica travado para se declarar a Maya (Virginia Madsen). Maya, além de muito bonita, entende de vinho quase tanto quanto ele. Num momento em que os dois estão a sós, Maya pergunta por que Miles gosta tanto de vinhos da uva pinot noir. Miles: “É uma uva difícil de crescer. Tem a pele delicada, temperamental, se rasga cedo. Não é uma sobrevivente, como uma cabernet, que pode crescer em qualquer lugar mesmo se negligenciada. A pinot precisa de cuidado constante e atenção. Só os mais pacientes dos agricultores podem cuidar dela. Só alguém que leve o tempo necessário para entender o potencial da pinot noir pode entender a totalidade de sua expressão. E então seus aromas são os mais brilhantes e emocionantes”.
FUNCIONA?
Talvez com suas observações sobre as pinot Miles tenha feito uma brilhante descrição do que sentia por Maya. Isso a faz se derreter por ele. Mesmo que Miles continue se sabotando por falta de autoconfiança, Maya está ganha.
CONCLUSÃO
Aproveite: nem toda mulher vive do próprio umbigo. Maya gamou pela paixão que Miles tinha pelos vinhos.
A LIÇÃO
Tenha alguma paixão. Que seja sincera, que demonstre seu entusiasmo e devoção. Pode ser por um compositor clássico ou por uma série de TV, por marcas de cerveja ou esportes exóticos. Na correria de uma viagem a sua paixão pode ser o que atraia uma mulher em busca de algo mais complexo que uma paquera de balada.

O Feitiço do Tempo (1993)

A CENA
Phil (Bill Murray), o homem do tempo de um canal de TV, viaja a uma cidadezinha para cobrir o aparecimento (ou não) de uma marmota que, segundo a tradição local, dirá se o inverno acabou. Entediado, Phil faz tudo de má vontade. Com a neve, passa a noite na cidade. No dia seguinte Phil descobre que está no mesmo Dia da Marmota, 2 de fevereiro, e esse mesmo dia vai se repetir 37 vezes. Ele se apavora. Depois aprende que sua vida virou um eterno presente, seus atos não terão consequências – e deixa de cuidar da saúde, rouba um banco, comete delitos. Depois, aprende como ganhar uma mulher. Finalmente, decide que vai conquistar sua assistente, Rita (Andie MacDowell). Ele passa um dia conhecendo tudo o que Rita gosta. No dia seguinte repete tudo para ela como se fosse espontâneo.
O QUE DÁ ERRADO?
Nada. O Feitiço do Tempo funciona em diversos níveis de profundidade. Quando fica preso naquele dia, Phil começa assustado como uma criança, depois tem as atitudes irresponsáveis de um adolescente, e torna-se um adulto responsável. De uma maneira poética, ele amadurece vivendo um único dia. Assim, tudo o que dá errado acontece antes da conquista. A cada dia que passa – ou não passa – Phil aprende com seus erros.
CONCLUSÃO
Aprenda o que a vida te ensina a cada dia. Ou esse dia vai ter que se repetir.
A LIÇÃO
Certas viagem nos “prendem” em locais (hotéis, resorts e pousadas) com gente que nunca vimos. Isso pode gerar antipatias instantâneas. E grandes oportunidades de encontrar mulheres nunca imaginadas. Se você tiver a chance de passar um tempo com quem te interessa, não arrisque tudo no primeiro minuto. Comece apenas observando, conhecendo em detalhes antes de escolher o caminho.

Vicky Cristina Barcelona (2008)

A CENA
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são americanas de passagem por Barcelona. Num restaurante são atraídas pelo pintor Juan Antonio (Javier Barden). Juan vai até elas e se apresenta. A terceira frase de Juan Antonio é “Eu gostaria de convidar vocês duas para viajar comigo até Oviedo”. Cristina gosta da ideia, mas Vicky, noiva comprometida, acha um escândalo. O pintor bonitão não quer saber. “Eu vou lhes mostrar a cidade, e vamos comer bem. E beber um bom vinho. Nós faremos amor.” Vicky: “Quem exatamente vai fazer amor?” Juan Antonio: “Espero que nós três”.
FUNCIONA?
Juan eventualmente transa com as duas, em ocasiões separadas. Vicky se afasta, mas Cristina acaba vivendo
um ménage com o pintor e sua desequilibrada ex, Maria Elena (Penélope Cruz).
O QUE DÁ ERRADO? A vida de Juan se transforma num inferno diplomático na sua relação com as mulheres, especialmente quando Maria Elena desanda a falar em espanhol.
CONCLUSÃO
É difícil aqui desligar o filme de suas atrizes. (Levar Scarlett Johansson para a cama? Levar Penélope Cruz
para a cama? As duas ao mesmo tempo?!) Mas a ideia aqui é que Juan Antonio vive o paraíso na cama e o purgatório fora dela.
A LIÇÃO
Você está de viagem. Descobre uma mulher muito interessante que está de olho em você e constata que ela já está na sobremesa. Lembre-se: numa viagem, você pode nunca mais encontrar essa mulher. Você tem a chance de um tiro. Se você se levantar da sua mesa para atravessar o restaurante e falar poucas frases com essa mulher, seja muito ousado.

 Expresso Transiberiano (2008)

A CENA
Roy (Woody Harrelson) e Jessie (Emily Mortimer) viajam na lendária Transiberiana, a maior viagem de ferrovia do mundo. Durante a viagem, Jessie é paquerada pelo sedutor espanhol Carlos (Eduardo Noriega). Roy fica para trás. Carlos tem uma única tarde para tentar conquistar Jessie. Sabendo que ela é fotógrafa, ele a
convida a ir a uma igreja ortodoxa abandonada no meio do gelo. Ela vai, se encanta com algumas pinturas religiosas ainda nas paredes.
FUNCIONA?
Ela tira várias belas fotos do local. Depois dá um caprichado beijo em Carlos.
O QUE DÁ ERRADO?
Tudo. Carlos tenta estuprar Jessie naquele lugar esquecido no meio da Sibéria. Ela o mata com um galho e foge com a roupa suja de sangue. A coisa se complica muito mais com uma trama envolvendo tráfico de heroína e
policiais corruptos.
CONCLUSÃO
A tragédia e o fato de que Carlos estava com a sanidade comprometida não vem ao caso. O que importa aqui é a ação esperta que o personagem operou: quando observou Jessie com a câmera, ofereceu o que qualquer fotógrafo mais quer – belas imagens.
A LIÇÃO
Se você realmente for viajar sozinho, estude bem todos os lugares que vai visitar. Pode ser a diferença entre
o tudo (na boa) e o nada com alguma turista solitária.
Titanic (1997)
A CENA
A rica Rose (Kate Winslet) está frustrada a bordo do Titanic, infeliz com seu noivado e com a pressão da família. Ela vai até a amurada pensando em suicídio. O desconhecido pobretão Jack (Leonardo DiCaprio) chega perto e pede que ela não salte. “Se você pular, eu vou ter que pular atrás. Vou me machucar, mas estou ainda mais preocupado com o fato de a água ser tão gelada. Talvez um par de graus acima de zero. Eu já
caí em água gelada. É como mil facas te furando o corpo. Você não consegue respirar. Você não consegue
pensar em nada além da dor. Por isso não estou gostando da ideia de mergulhar depois de você. Estou torcendo para que você desista de pular e me poupe dessa encrenca.” Rose desiste e os dois finalmente se apresentam.
FUNCIONA?
Perfeitamente. Com muita sabedoria, Jack transfere para Rose a responsabilidade pela própria segurança. Rose, mimada pela família e sufocada pelo noivo, é obrigada a se decidir pensando nele, Jack. Com isso, dá a
Rose o que a família e o noivo lhe negam: a liberdade de escolha e, com ela, o amadurecimento emocional.
Os dois se envolvem clandestinamente durante a viagem.
O QUE DÁ ERRADO?
Já citei o nome do navio?
CONCLUSÃO
Romances e casos em cruzeiros ou dão certo, ou acabam em desastre. (Ou, como no caso do filme, um desastre acaba com o romance.)
A LIÇÃO
O fato é que um caso num cruzeiro não tem escapatória. Ou dá muito certo ou não existe para onde fugir. Se um dos dois quiser mergulhar de cabeça (em mais uma metáfora), o outro precisa avisar que eles podem
estar mergulhando juntos rumo a uma grande fria. Em todo caso, navios inspiram romances que sobrevivem a icebergs.
 
 Fonte: Men's Health

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