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Entendendo os mecanismos de prazer feminino

Se a média das mulheres tivesse uma página no Facebook para suas partes íntimas, seu status de relacionamento seria "é complicado". E deveriam postar uma foto em seu perfil. Afinal, uma nova pesquisa do Centro de Promoção da Saúde Sexual da Universidade de Indiana, nos EUA, aponta que as mulheres não se olham — somente 26% costumam explorar atentamente suas partes.

Ei, nós precisamos fazer isso! Homens conseguem muito mais facilmente. Afinal, o órgão deles está para fora, pronto para viver as experiências. Nossas "peças", em sua maioria, são internas. Portanto, não podemos ver exatamente com o que estamos lidando.


Bem, mas aqui você encontrará um pouco de incentivo para mudar isso: quanto mais você conhecer o idolatrado objeto do desejo, mais prazer irá experimentar. Em um estudo do periódico International Journal of Sexual Health, os cientistas descobriram que mulheres que tinham uma visão positiva de seu órgão genital se sentiam mais confortáveis na hora do sexo, eram mais aptas a chegar ao orgasmo e isso também acontecia com mais chances na cama.

Apenas olhando a "área de lazer" já se pode começar a ter uma relação mais íntima. "A pesquisa mostra que conhecer o próprio sexo ajuda a inspirar a excitação e a lubrificação", diz a cientista Debby Herbenick, da Universidade de Indiana e autora de Because It Feels Good (inédito no Brasil). Assim, permita-se descer até lá para ter uma vista privilegiada.

INVESTIGAÇÃO PRIVADA

Para começar, vamos esclarecer um dos maiores equívocos sobre a vagina. Ela não é o que você vê. "A vagina é um órgão interno", diz a ginecologista Rosa Maria Neme, consultora de WH. Se você ficar nua em frente a um espelho, na verdade enxergará sua vulva, a parte exterior da máquina, que estava coberta de pelos antes de sua depiladora desmatá-la com cera quente como se fosse uma área da Floresta Amazônica.

A vulva é o palco em que as grandes estrelas são o clitóris e o ponto G. Cada parte está lá para atender às suas vontades sexuais. Porém, para obter o melhor desempenho de cada uma, você tem que dedicar um pouco de amor e atenção a todas. Tranque a porta do quarto, tire os sapatos e pegue um espelho de mão.


Sem sequer abrir as pernas, você verá seu monte púbico e duas dobras de pele. "São os grandes lábios: protuberâncias da pele que não interferem na excitação", diz Rosa Neme. Essas camadas contêm um tecido adiposo que protege seu clitóris e sua vagina. Embora a sensação de prazer seja geralmente fraca nessa área, tocá-la pode ajudar a aumentar a sensação. "Esfregar o monte púbico e os grandes lábios deixa o clitóris pronto para a estimulação", diz Debby Herbenick.


Agora, se você abrir os grandes lábios, um conjunto de lábios finos — chamados pequenos lábios — irá se revelar. Eles são cheios de vasos sanguíneos, terminações nervosas e glândulas secretoras. "A olho nu, as glândulas podem parecer pequenas protuberâncias", diz Debra Hoppe, autora de Healthy Sex Drive, Healthy You (inédito no Brasil). "Elas liberam secreções que ajudam a separar os lábios vaginais e facilitar a penetração."


Mas não são as únicas áreas lubrificantes de suas partes baixas. Separando os pequenos lábios, você irá ao encontro das glândulas de Bartholin (que são microscópicas, não é possível enxergá-las a olho nu). "Estão localizadas nos dois lados da sua abertura vaginal", explica Rosa Neme. Quando você se excita, essas glândulas lubrificam a parte externa do canal vaginal. Elas normalmente liberam apenas uma pequena quantidade de umidade — é por isso que as mulheres têm necessidade de preliminares para ficar molhadas.


Seu centro de lazer mora no clitóris. Ele é uma soberba protuberância rosa, do tamanho da ponta de um lápis, e está lá só para seu prazer. E o dito-cujo é "nervoso" — concentram-se ali umas 8 mil terminações nervosas, o maior número encontrado em todo o corpo e o dobro da quantidade da glande do pênis de um homem, segundo Debra Hoppe.

Para o ginecologista e obstetra Mauro Pirotti Junior, chefe do Departamento de Ginecologia do Hospital Bandeirantes e do Hospital Paulistano, em São Paulo, o clitóris seria um pênis involuído. "Ele tem um capuz de pele muito fina, igual ao órgão masculino. E, graças às terminações nervosas existentes na área, quando atritado leva a grandes sensações de prazer."

Mas essa sensibilidade louca na região você já deve conhecer. O que provavelmente não sabe é que o clitóris tem pernas. Literalmente. "Nós vemos apenas a cabeça do clitóris", diz Debby Herbenick. Ele tem um corpo em forma de quadrilátero e duas pernas (chamadas crura) que chegam a 3 cm dentro da vagina, logo abaixo do monte de Vênus e em linha reta com o ponto G (falaremos sobre ele mais tarde). Isso dá ao clitóris um incrível e profundo alcance sexual. "É a usina elétrica do orgasmo", diz Ian Kerner, autor do livro She Comes first (inédito no Brasil). "Ele se conecta com cada estrutura dos órgãos genitais."

O MAPA DA MINA
A melhor maneira de fazer o clitóris feliz é a estimulação oral ou manual de forma contínua e suave. Mas ele também pode ser sensibilizado quando a mulher está por cima. Ou em uma versão do papai e mamãe, com a técnica do alinhamento coital, diz Debby Herbenick. Nessa posição, seu parceiro penetra você, como normalmente faria durante o papai e mamãe, com dois simples ajustes: ele avança o corpo até apoiar-se sobre seus ombros, enquanto a base do pênis atinge diretamente seu clitóris. Então ele faz movimentos circulares em vez de apenas o vaivém. "Isso cria maior atrito contra o clitóris", explica a especialista.

O atrito pode levá-la às alturas, mas às vezes também pode deixar a "estrela" irritada. É que quando você caminha para o clímax o clitóris incha em tamanho — e isso pode tornar o contato incômodo. "Tome cuidado para não imprimir muita força na estimulação oral ou manual — inclusive a autoestimulação — para não provocar dor e até lesões. A própria saliva do parceiro, se for um pouco ácida, pode levar a irritação clitoriana e vaginal", diz Mauro Pirotti Junior.

Algumas mulheres relatam que, nesse momento, a estimulação clitoriana pode parecer como cócegas irritantes e, em alguns casos, como um choque agudo. Para se proteger, puxe gentilmente para trás o capuz (a pele de proteção) do clitóris. A simples exposição pode fazê-la se sentir bem novamente. Sua extrema sensibilidade pode ser uma forma de o corpo dizer: "Permita que a vagina capte um pouco dos holofotes sexuais!"

Por falar na vagina, ela é um órgão extremamente elástico, com tamanho em torno de 8 a 15 cm (que varia de mulher para mulher), não chega aos pés do clitóris em se tratando de terminações nervosas. "Mas ela tem seu valor", diz Debra Hoppe. Os primeiros centímetros possuem centenas de terminações nervosas, a maioria bastante sensível. Para estimular essa região do seu canal vaginal, nas preliminares sugira a seu parceiro uma penetração mais curta e rasa. É uma sensação maravilhosa e tem um gostinho de quero mais.

O QUE EXISTE POR TRÁS
Aprofundando-se nas paredes vaginais, você vai encontrar um dos principais trunfos do órgão: o ponto G. Se o clitóris é famoso, o ponto G é infame. Quase nenhuma mulher conhece seu potencial, mas se o fizer as recompensas serão fenomenais. Acredite!

O ponto G é uma área esponjosa do tamanho de uma moeda. "Ele estaria localizado entre 2 e 4 cm da entrada da vagina, na parte superior: introduzindo o dedo, você notaria uma pequena elevação", explica o ginecologista Mauro Pirotti.

Segundo os especialistas, ele possui irregularidades e estrias semelhantes a uma noz e exige uma abordagem vigorosa. "As enervações do ponto G estão contidas no tecido gorduroso, então você deve realizar uma pressão mais profunda e firme para estimulá-lo", ensina Ian Kerner.
Para começar, você deve estar bem relaxada — e excitada — para que as paredes vaginais fiquem muito bem lubrificadas. Isso fará com que o ponto G fique inchado (cheio de sangue) e, portanto, mais sensível e proeminente.

A estimulação do ponto G também exige uma troca de posições. Você pode tentar estimulá-lo pedindo que seu parceiro a penetre por trás (posição cachorrinho), mas o melhor a fazer é mandá-lo descer e usar a boca e a mão. "Com a boca em seu clitóris, faça-o penetrá-la com o dedo médio, em um movimento de lá para cá, aplicando uma pressão firme e ritmada, na parte superior do canal vaginal", diz Kerner.

Se você ainda não teve o que acha que é um orgasmo do ponto G, não se preocupe. Para seu conhecimento: os orgasmos que se originam nessa zona são expansivos e profundos, enquanto os que começam no clitóris parecem mais agudos e intensos.

"Muitas mulheres dizem que o ponto G potencializa o orgasmo", diz Kerner. "Mas elas não poderiam isolá-lo e dizer ‘Uau, eu tive um orgasmo do ponto G’. Seria mais como ‘Eu tive um orgasmo e isso realmente foi incrível’. É por isso que muitos vibradores vêm com um estimulador de clitóris e um estimulador de ponto G. Eles trabalham em conjunto."

Embora você possa ter um orgasmo clitoriano sem estimulação do ponto G, é um pouco complicado conseguir o inverso. Mas, afinal, não importa de onde ele está vindo, no final das contas um orgasmo é um orgasmo. E todos são, bem... são como aquela velha história sobre sexo: é bom até quando é ruim! Não é mesmo?


Fonte:Women's Health

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