Pressão no períneo. Ejaculação feminina. Ponto G. Tudo isso tem soado como novidade no Ocidente. Mas, no Oriente, essas coisas são mais velhas que Confúcio. Os taoístas da China conhecem o poder do períneo há três milênios – eles denominaram um ponto naquela região de o “ponto de 1 milhão de moedas de ouro”, uma referência a quanto valia o conselho de um sábio que ensinasse onde ele era. Árabes e indianos também tinham complexos manuais de sexo.
Será que isso prova que a ciência ocidental não vale nada frente à sabedoria ancestral do Oriente? Claro que não. Prova apenas que nossa sociedade relegou as pesquisas sobre prazer sexual a um segundo plano por muito tempo. Nada mais natural que, com a nova ênfase surgida nas últimas décadas e exacerbada na era do Viagra, os cientistas se interessassem em testar em laboratório as idéias sobre sexo dos sábios do Oriente.
Uma das correntes mais surpreendentes é a que se baseia no Tao, o sistema filosófico chinês simbolizado pelo símbolo do yin-yang. O fisiologista tailandês Mantak Chia é um dos autores que têm se destacado na difusão dessas técnicas sexuais. Junto com o escritor Douglas Abrams, ele ajudou a formular aquilo que os dois chamam de “kung fu sexual”. Calma, não há socos e chutes na cama, kung fu significa apenas “prática”.
A idéia básica é a de que todo mundo, inclusive os homens, é capaz de obter orgasmos múltiplos. Sim, meu caro leitor, você leu certo. Para tanto, tudo o que o sujeito tem que fazer é aprender a ter orgasmos sem ejacular. O primeiro passo para isso é fortalecer o tal músculo PC. Para saber que músculo é esse, comece a urinar. No meio da função, interrompa o fluxo. Pronto, você achou o PC. Os taoístas recomendam que homens e mulheres contraiam e relaxem o tal músculo várias vezes, sempre que lembrarem, na fila do cinema, em casa, no trabalho. Valem tanto séries de contrações curtas quanto manter o músculo tenso por alguns segundos. Os especialistas ocidentais em sexo já aceitam que um músculo PC forte realmente leva a orgasmos mais intensos e facilita o gozo de mulheres com dificuldades para chegar lá.
Mais difícil para um ocidental entender é a técnica taoísta de evitar a ejaculação na hora do orgasmo. Chia e Abrams aconselham o sujeito a parar de se movimentar alguns segundos antes, contrair o PC com força, jogar toda a “energia” do pênis para o períneo, contrair os músculos da bunda e o esfíncter e arremessar essa energia pela espinha para cima, até o crânio. Deixe a energia circulando por seu cérebro por alguns segundos, encoste a língua no palato e a libere para descer de novo por entre as sobrancelhas, pelo nariz, garganta, coração, até a barriga.
Nada disso faz muito sentido para um cientista ocidental. A palavra “energia” já provoca suficientes arrepios. Mas, seja lá o que essa técnica envolver, o fato é que ela, bem ensaiada, faz com que nenhuma gota de esperma pingue. E uma coisa os cientistas puderam constatar: medições de batimentos cardíacos mostraram que homens que dominam a técnica são capazes de ter seqüências de vários orgasmos. Mulheres que querem se tornar multiorgásticas também devem fazer o mesmo com a energia na hora de gozar.
A recusa da ejaculação tem semelhanças com as técnicas indianas de sexo tântrico, propagadas por alguns mestres de ioga. Ou “yôga”, como dizem os seguidores do Mestre De Rose, dono de uma grande franquia de escolas de ioga e popularizador desse método. De Rose é menos democrático que os taoístas. Ele acha que sexo tântrico não é para todos, apenas para pessoas “especiais”, e afirma que os interessados só podem aprender o caminho se tiverem um mestre. Mas a idéia central é a mesma: a de preservar e acumular a “energia” sexual, evitando a ejaculação e tendo orgasmos cada vez mais intensos.
Fonte: Superinteressante
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