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Praia na França é o paraíso do nudismo e swing

Cap d’Agde seria apenas um balneário naturista na França não fosse um detalhe: é o destino preferido dos adeptos da troca de casais. Nossa repórter esteve lá e conta como é passar férias em um lugar onde ninguém é de ninguém

As pessoas não vêm para cá para ficar nuas. Existem dezenas de outras praias na França onde se pode tomar sol sem roupa. As pessoas vêm aqui para se divertir. Se divertir, você entende? Esqueça o que você leu sobre este lugar. O que você vai ver é muito mais intenso.” Logo na chegada a Cap d’Agde, um dos taxistas locais, que faz o trajeto entre a estação de trem de Agde e a vila naturista, alerta de forma bastante enfática sobre o que estamos para ver. E nas primeiras horas no balneário fica claro que ele estava certo.
Conhecida como “a Disneylândia do nudismo”, a Praia de Cap d’Agde, localizada na costa mediterrânica do sul da França, é a prova de que um outro mundo é possível. Os 10 mil habitantes da vila naturista, a maior da Europa, costumam andar nus boa parte do tempo. Não só a praia é naturista, mas sim a vila inteira, por isso é possível ver pessoas em atividades banais completamente peladas: escolhendo legumes no supermercado, andando de bicicleta, lavando o carro ou disputando uma partida de futebol (com ambos os times sendo os “sem camisa”).
A maioria dos turistas é gente comum, daquele tipo que você poderia ver na Piazza San Marco, em Veneza, ou no Louvre, em Paris, mas que, em contato com novos ares, decide deixar a timidez de lado para buscar prazer e diversão. A média de idade dos casais fica entre 30 e 50 anos, e grande parte deles são suingueiros (ou échangistes, como designam os franceses), isto é, casais e solteiros que querem aliar a liberdade do naturismo aos prazeres da carne.

A novidade veio dar na praia
Apesar de todo o clima de liberdade que existe na vila, a praia é onde os pelados ficam realmente à vontade – e põe à vontade nisso. Agnes, economista francesa de 37 anos que frequenta o lugar há nove, explica solicitamente as regras não escritas do local. A partir da bandeira do bar da praia, na parte conhecida como Baía dos Porcos, ficam casais e solteiros mais ousados. Eles costumam abordar outros veranistas com predisposição para troca de casais e transam na areia mesmo, à luz do dia e à vista de todos. Antes da bandeira do bar, encontram-se as famílias com filhos, que estão ali apenas pelo prazer do naturismo e costumam se incomodar com demonstrações públicas de luxúria. As dunas, prossegue Agnes, devem ser evitadas pelos mais tradicionais – se é que se pode usar esse adjetivo em Cap d’Agde. É lá que rolam gang bangs, modalidade em que uma só moça transa com vários homens. Em geral, quem está nas dunas é porque quer participar da farra.

A Baía dos Porcos é a parte mais movimentada. Dezenas de turistas disputam um pedaço de areia para esticar a toalha. Os bares cobram pelas espreguiçadeiras que dispõem à beira-mar: pagam-se inacreditáveis 25 euros por cadeiras na primeira fileira. Afinal, estamos na praia em que a expressão “ver e ser visto” é levada ao extremo. Diferentemente de praias naturistas “puritanas”, ali não pega mal estudar o físico alheio. É normal, aliás, sentir-se constantemente observado e analisado. Os homens travam uma silenciosa competição de volumes anatômicos, e a maioria deles tem os pelos pubianos raspados. Sem biquíni, algumas mulheres demonstram a força cruel da gravidade. Mas, principalmente no verão – o período das férias universitárias –, é possível encontrar muitas beldades desfilando sua nudez pela areia.
Poucos minutos depois de chegarmos à praia, um casal próximo ao mar começou, com toda a naturalidade, uma animada sessão de sexo oral. Alguns dos pelados à volta nem se importaram, mas quatro ou cinco observavam a cena com a atenção de quem assiste à final da Copa do Mundo. Em certo momento, a moça responsável pelo show – uma loira roliça e bonita – levanta a cabeça e olha fixamente para um casal formado por uma morena alta com pinta de modelo e por um sujeito ruivo com idade para ser o avô dela. Para eles, é a senha de que devem ir até lá. Observada pelo parceiro, a morena levanta-se e se posta diante do casal. Inicia-se um ménage à trois a céu aberto. O ruivo apenas assiste enquanto se masturba. Pouco a pouco, uma roda de espectadores vai se juntando e aprecia o espetáculo, em pé. Já são cerca de 20 pessoas formando a plateia quando, poucos minutos depois do início da cena, a roda bate palmas: sinal de que uma das mulheres chegou ao orgasmo.
No resto da tarde, cenas como essa se sucederiam mais duas vezes, mas nunca com mais de três pessoas na ação ao mesmo tempo. Atos mais discretos, como casais se masturbando mutuamente, são mais frequentes.

A abordagem entre os casais acontece de forma suave, geralmente com trocas de olhares. O que atrapalha a aparente harmonia dos pares são os homens solteiros que circulam por ali. Como moscas em um piquenique, eles rondam a praia à espera de que algo aconteça e, às vezes, insistem em participar das atividades, mesmo quando não solicitados. Não por acaso foram apelidados de charognards (“urubus”, em francês) pelos frequentadores da praia. Desde 2010 homens solteiros não podem mais entrar sozinhos na vila a partir das 19h30. Antes havia “muitas reclamações e problemas”, conta a recepcionista de um dos hotéis.
Capital do sexo livre
Piero, um empresário italiano que há 12 anos frequenta Cap d’Agde, lembra que cerca de uma década atrás as coisas por ali eram até mais libidinosas. “As pessoas tinham ainda menos pudores em fazer sexo em público, acredite se quiser.” Mas a proliferação dos casais liberais fez com que os naturistas “ideológicos” começassem a reclamar da sacanagem. Em 2010, a disputa entre as duas tribos ganhou a imprensa francesa, que batizou a briga de “batalha entre puristas e libertinos”. O primeiro grupo acusava o segundo de ser “exibicionista e depravado” e de deturpar a tradição naturista do lugar. À época, a conselheira municipal do balneário, Florence Denestebe, afirmou: “Há uma explosão de libertinagem. Involuntariamente Cap d’Agde se transformou na capital europeia do sexo livre”.

O então prefeito, Gilles d’Ettore, por sua vez, disse que não havia muito a ser feito para evitar a sacanagem: “Não fomos nós que inventamos a troca de casais ou o comportamento libertino em Cap d’Agde. Essa tendência existe por aqui há dez anos, e eu não posso colocar um policial para controlar cada um dos 40 mil nudistas”, afirmou ele.
Fazer sexo em público é considerado crime na França. Hoje, durante a alta temporada, policiais aparecem esporadicamente na praia para tentar inibir esse tipo de comportamento, mas o patrulhamento não é lá muito severo.
Existem quatro hotéis dentro da vila naturista, com diárias entre 100 e 450 euros na alta temporada. Quase todos têm ares de motel, com decoração cafona e varandas interligando os quartos, o que facilita a interação entre os hóspedes. O hotel Eve é o mais antigo deles e conta com uma piscina que costuma ter gente pelada da manhã à noite. Já na área do café da manhã, a maioria das pessoas está vestida, e o hotel quase pareceria uma hospedaria comum não fossem os dois casais na mesa ao lado que conversam sobre a noite anterior e se elogiam mutuamente. Em certo momento, um dos homens se levanta da mesa e volta em seguida com um pedaço de papel para anotar o telefone do casal com que compartilharam a cama e os fluidos.
A Village Naturiste de Cap d’Agde existe há 40 anos e tem capacidade para 40 mil visitantes, espalhados pelos 2 quilômetros de praia e pela marina privativa. A temporada vai de meados de junho à metade de setembro, apesar de haver turistas por ali o ano inteiro. O lugar volta a encher no Réveillon, quando milhares de turistas de toda a Europa chegam para as festas da virada do ano. No dia 31 de dezembro ocorre o “último banho de mar do ano”, em que centenas de naturistas, suingueiros e simpatizantes se reúnem para se banhar nus nas águas frias do mar de Agde.
No ritmo da noite
Durante o dia, a praia não é nenhuma igreja, mas também não se compara ao que rola à noite no balneário. A areia serve como uma espécie de preliminar da atividade noturna em Cap d’Agde. No fim da tarde, é frequente circularem pela orla “promotoras” de clubes que entregam panfletos anunciando as festas da noite. “A liberdade de andar pelado e conhecer outros casais na praia é o grande atrativo daqui. As casas de suingue são iguais a quaisquer outras na Europa. A diferença é que há muitas e o público é imenso”, avalia Lúcia, uma portuguesa de 54 anos que costuma mentir a seus filhos universitários sobre seu destino de férias.
De fato, não faltam opções. A vila tem “clubes libertinos” para todos os gostos. Existem mais de dez estabelecimentos, entre eles casas só para casais, outras que aceitam solteiros, clubes para sadomasoquistas ou apenas para gays.

O Le Glamour, aberto desde 1998 bem em frente à praia, é o mais famoso. Durante as tardes, há “festas da espuma” por lá, nas quais a nudez total é obrigatória. À noite, formam-se filas enormes na porta do casarão de dois andares, que tem vista para o mar e uma área ao ar livre com bar, camas e sofás. A entrada para casais custa cerca de 50 euros, dependendo da noite, com direito a duas bebidas. Solteiros costumam ser barrados na porta, a não ser que a hostess esteja de bom humor.
No Le Jul’s, a 200 metros dali, que é menor e ainda mais cheio (talvez por cobrar apenas 15 euros por pessoa), uma área aberta na primeira pista permite vislumbrar o que acontece lá dentro. O pessoal, animadão, dança no meio da pista e em cima do bar. Para delírio dos voyeurs, uma loira que aparenta ter recém-chegado à maioridade improvisa uma dança no mastro 1 metro acima do chão, de forma bastante amadora. Com bem delineadas curvas, a bela usa um vestidinho rosa colado ao corpo e nenhuma calcinha. Entre os ávidos marmanjões que assistem à cena a poucos centímetros do mastro, um rosto chama atenção: uma mulher, também loira, mas mais velha, não desgruda os olhos da moça que dança. Enquanto isso, o marido dela, que aparenta ter no mínimo 30 anos a mais, tenta conter um bocejo, mas não disfarça o cansaço. Na pista, moças suadas se tocam, se beijam e se acariciam como se estivessem em um set de filme pornô.
Mas não é preciso entrar em uma dessas casas para interagir com outros casais. No paraíso dos suingueiros, até os restaurantes têm atmosfera erótica. Em meio à refeição, casais trocam olhares lascivos e juntam-se em grandes mesas para tomar vinho, comer e preparar o terreno para o resto da noite.
À noite, a nudez já não é o traje tradicional, mas, pelo menos para as mulheres, ainda vale a regra do “menos é mais”: vestidos transparentes, saias curtíssimas, isenção de calcinha e saltos altos são indispensáveis. Enquanto isso, os homens vestem terno e gravata, num figurino que, acompanhado pelas mulheres, faz com que pareçam cafetões.
Algumas figuras estranhas circulam pela rua principal, na qual se concentra a maioria dos bares e restaurantes: um anão de terno prateado, uma mulher que poderia ser a bisavó do anão usando um robe transparente, um travesti com um vestido mais curto do que a reserva monetária da Europa etc.
No dia seguinte, um domingo, o clima esfria – literalmente. Com o sol escondido entre nuvens, o termômetro marca 18 graus e, na praia, o cenário é insólito: os poucos banhistas que caminham pela areia estão parcialmente vestidos – blusas de manga comprida na parte de cima e absolutamente nada na parte de baixo. No melhor estilo “criando o bicho solto”, um casal faz jogging na orla. A imagem é peculiar: o membro do homem balança em ritmo frenético durante a corrida, assim como os seios da mulher. Uma cena que resume perfeitamente a singular atmosfera de Cap d’Agde: bizarra, cômica, um tanto erótica, mas, ao mesmo tempo, estranhamente natural.
Fonte: Revista Playboy

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